quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ajudas sutis


Eu sai as pressas, desculpe, ando sempre um pouco atrasada, corro porque sou lenta e posso parar e ficar horas, meses, anos no mesmo lugar num movimento de translação. Por isso sai no impulso, para não ficar pra sempre. Mas quero te contar do meu lugar, agora. De como ele tem muito mais a ver com o momento, entende? Aqui tem piso de madeira e uma sala ampla pra dançar. Tem janelas, janelas grandes, muitas... os pássaros vem pela manhã, entram por elas, tomam café das migalhas do nosso pão. Temos um quintal que ora se reveste de folhas secas, ora fica verde de grama fresca, e ainda há de ficar rosa, bem clarinho, sabe? um tapete rosa de flores que cairão da grande árvore. E quero dizer que temos feito comidas mágicas, e que, na verdade, tudo aqui é um tanto místico. Ontem, por exemplo, uma menina regava as flores no jardim com as pontas dos dedos... sério, uma de suas mãos era pra regar e a outra afofava a terra, seus dedos gotejavam. Temos ajudas sutis por aqui. Vem logo que tudo é temporário, a vida passa num picar e você precisa se olhar daqui de dentro.

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