A Casa no 16 é um coletivo que tem, como propósito, além da produção e da difusão dos próprios trabalhos, a possibilidade de troca com o que vem sendo produzido por outros criadores. Reunindo artistas de linguagens diversas, o coletivo atualmente ocupa um espaço em Vila Velha, que tem abrigado exposições, shows, espetáculos de artes cênicas, oficinas e reflexões sobre o fazer artístico, além da prática de yoga.
Atualmente (até 05 de setembro), está acontecendo a Expojavala: notabilizando verdeser, do Coletivo Expurgação. A partir do próximo dia 09, entra em cartaz o Insone, espetáculo do Grupo Z de Teatro. Também em breve serão anunciadas novas oficinas para o último trimestre de 2011.
No mesmo mês, haverá o lançamento da revista Casa no 16, publicação online mensal que reúne trabalhos, em torno de um mesmo tema, de artistas visuais e escritores – convidados ou que submetam seus trabalho à editoria.
A Casa no 16 é composta por: Alexsandra Bertoli, Carla van den Bergen, Fernando Marques, Dante Negreiros, Grupo Z de Teatro, Luara Monteiro e Raphael Araújo.
Mas somos muitos milhões de homens comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonho e margaridas.
Ferreira Gullar
Ferreira Gullar
Não há casas vazias: toda casa é repleta. Se abandonada, tem, no mínimo, as memórias de quem viveu ali; se ainda não habitada, está cheia do suor de quem a ergueu. Se funciona, está em uso, está em constante processo de construção pelas camadas que se sobrepõem e se mesclam, trazidas e levadas por quem passa, fica, mora, visita, parte, muda, por quem vive ali por uma vida inteira ou por alguns minutos. A casa, em sua concretude e em sua fixidez, é um infindável percurso de construções.
A casa é ela mesma, no que se vê dela: paredes e muros, portas, janelas, cômodos. Mas é tudo isso em constante mobilidade, porque é também quem ali está, esteve, tudo o que ali se faz – a casa é também quem a habita, gente sob o mesmo teto por afinidades familiares ou de uma outra natureza qualquer.
A Casa nº 16 é, então, o lugar que vamos construindo para abrigar o que temos em comum: o interesse pela arte. Um grupo de pessoas que produz, pensa, frui ou apenas gosta de arte. O espaço aqui é bem maior do que aquele oferecido pelos cômodos – é o espaço que se constrói nas relações que são estabelecidas entre os que aqui habitam e os que nos visitam. Um espaço que se desenha pela produção, pela troca, pelo pensar arte e cultura.
É uma casa de diversidade – todos temos trabalhos artísticos distintos, em áreas diferentes, com direcionamentos vários. E acreditamos que nos enriquecemos com isso, que aprendemos, que somos mutuamente afetados uns pelos outros. A casa é lugar de abrigo, mas também de inquietude. E como a diversidade nos agrada, a proposta é que mais gente também passe por aqui. Para além da troca entre os que compõem o grupo, queremos a troca com nossos vizinhos – os que estão ao lado e, também, os que estão do outro lado do mundo, mas próximos porque acreditam em coisas em que acreditamos e queremos. A Casa é um espaço de troca. E ao trocarmos, vamos tecendo a teia que nos sustenta, vamos construindo a Casa.
São várias as ações possíveis: exposições, espetáculos, mostras, espaço para produção, pesquisa, debate, oficinas e o que mais nos ocorrer ou for surgindo ao longo do caminho, em qualquer linguagem artística ou área afim.
Porque acreditamos que a arte pode entrar em lugares insuspeitados: pode escorrer entre gretas, deslizar por baixo das portas, penetrar por desvãos, é capaz de forçar cadeados, romper cadeias, derrubar muros, rasgar grades. Aqui, deixamos portas e janelas abertas.