Aqui no Estado do Espírito Santo temos problemas muito parecidos com qualquer outra cidade Brasileira. Somos carentes de espaços que possam atender a demanda de uma produção cultural e artística . A necessidade de espaços alternativos aos institucionais são de importância para a produção vigente no Estado.
A Casa n° 16 como mais um espaço alternativo de fomento e produção de cultura e arte apoia iniciativas que propiciem mudar a realidade atual de descaso e desvalorização da produção (não só capixaba) contemporânea.
Essa semana a Casa n°16 recebeu um email sobre o fechamento do Jardim Secreto, mais um espaço alternativo de Vitória que não pode funcionar pois foi interditado por ainda não ter obtido a ATUALIZAÇÃO do alvará de localização e funcionamento, que já havia sido anteriormente solicitado ao órgão competente.
Para isso está sendo veinculado na Internet um abaixo assinado. Embora o abaixo-assinado não tenha força jurídica, ele pretende mostrar publicamente que a sociedade está atenta para estas questões.
Entre e dê sua contribuição!
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=Jardim
Abaixo está um texto de
Texto por Ilustração
Um dos grandes segredos de São Paulo é que sua efervescência acontece pelas iniciativas de gente que arregaça as mangas e vai à luta. Uma das maiores mentiras é que existe compreensão do poder público com o que há de novo na cena cultural
São Paulo é sinônimo de caos urbano. A cidade foi construída na desordem, sem nenhum planejamento, e representa todos os elementos de um sistema em que a competição pelo sucesso e a busca pelo lucro superam qualquer trabalho por um ambiente saudável de vida coletiva.
Do ponto de vista da organização cultural, a cidade também é caótica e desigual. Os equipamentos públicos culturais são subutilizados, dominados pela burocracia e pela caretice. Mas, nas entrelinhas desse quadro, cresce vertiginosamente uma arte resultante da diversidade, gerada na interpretação e na resistência ao caos. Seus intérpretes fazem parte de uma geração que assimilou a linguagem da internet, dos movimentos urbanos, da moda, da publicidade e de formas não convencionais de expressão.Em contraposição à falta de contato com os equipamentos formais de cultura e ao pífio incentivo do poder público, esses personagens se organizaram em coletivos, clubes noturnos, companhias de teatro e galerias que não habitam somente o underground dos bairros mais movimentados, como também buscam outros ares, revitalizando regiões da cidade. A nova rua Augusta, a praça Roosevelt, o reconhecimento do grafite como principal arte e cara da cidade, os negócios alternativos e certeiros do skate e da nova música são exemplos de como essa geração está ditando cada vez mais os rumos da cultura paulistana.
Infelizmente, ao contrário desse movimento, as ações públicas se perdem em investimentos enormes e sem capilaridade social, como o que acontece na tentativa frustrada de revitalização da Cracolândia. Não se dá suporte para os micro e pequenos empresários e para os agitadores culturais. Não se apoia o dia a dia, a construção coletiva, o processo de mudar a cidade em conjunto com a população.
IDADE DA PEDRA
Em 2009 participei da criação do bloco carnavalesco Acadêmicos do Baixo Augusta, que, por meio da mais popular manifestação cultural do Brasil, canta a diversidade, os valores e a revitalização pela arte que a região está vivendo. Imaginávamos que, por se tratar de Carnaval, teríamos um pouco mais de facilidade junto aos órgãos públicos. Mas não foi o que ocorreu. Posso dizer que a alegria e a felicidade que vemos nas ruas nos dias da festa são proporcionais às dificuldades que temos que enfrentar. São barreiras burocráticas, máfias, má vontade e uma total e completa falta de compreensão da verdadeira vocação da cidade.
Estamos de fato na Idade da Pedra quando falamos em valorização da cultura alternativa. A economia criativa não é compreendida nem quando explicada na letra de um samba. Um dos grandes segredos da cidade é que toda sua diversidade e efervescência acontece pelas diversas pequenas iniciativas privadas de gente que arregaça as mangas e vai à luta. Uma das maiores mentiras é que existe alguma compreensão com o novo.
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