terça-feira, 22 de março de 2011

Residência Artística de Victor Monteiro na Casa n°16

Já ensaiamos trabalhos, filosofias, quereres e carências. Falamos de tudo , ficamos em silêncio, nos atravessamos olhando através de nós e para além, vagando nossos sonhos em espaços outros que não os que fincam nossos pés no chão. Sim, temos raízes profundas, mas, às vezes, nos esquecemos delas. Sei lá há quanto tempo esse apontador mora em minha alma, mas não é de hoje. 

Agora o que percebi com sua presença constante, porque ele veio dividir comigo a estadia nessa terceira alma imensa de janelas grandes e portas abertas, o que percebi é essa coisa de fincar os pés e fazer, sabe? Nisso ele é bem melhor que eu. Ao observá-lo em seu trabalho, que parece um fugir, e pode até ser, mas não a fuga para uma ilusão qualquer, percebi o mergulho para o dentro do dentro , submergindo em camadas, uma camada a mais antes de voltar à tona d'água.

Ia dizer que não há fantasia em sua introspecção, mas há, e há memória, desejo, e  tudo é tão real quando vejo seu mundo surgindo na varanda, lapidado pela energia de tempos imemoriais, num labirinto de montanhas e penhascos tão antigo quanto  a alma do seu criador .
"Do topo do mundo para o fundo de mim", do fundo para a luz do movimento que nos faz, lapidando-nos incessantemente.



Ele passou, mas a energia empregada em seu fazer e a colaboração para que a casa nossa de todo dia fosse sempre diferente, permanece: partículas no ar, lascas do tempo, apontamentos, caminhos, meditAÇÃO. 

Obrigada pelo ensinamento, pela introspecção, pelo companheirismo, pela alegria, pela rabugem, pelo amor. 

Volte sempre.
Saudades!






Agora a instalação apontamentos está no MAES - Museu de Arte do Espírito Santo

Clique no convite para conhecer um pouco mais  sobre a Exposição Edital 11 e o MAES

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